SONÍFERO*
Antes de dormir
tomei papel e rabisquei
mais ou menos isto.
Mero cochicho do meu colchão
para embalar-me o sonho
no sono
de minha solidão.
Não é amor, é quase nada;
vaga efervescência – é pouco clamor
de coisa desajustada -,
continua em mim o meu amor
no recôndito murmúrio da alma,
nesse mistério com que existo
para fazer-te eternamente amada.
- Só para o meu dormir, escrevo isto!
São versos para contar
sonhos de dias morosos
que trazem um rostinho sumindo
num cabelo esvoaçante ao vento e ao ar;
um vulto alvo vindo
frenético me tomar;
um abraço se estendendo
atrevido me abraçar;
um beijo ardente
impulsivo me roçar;
uma deusa dormindo
a sonhar... a sonhar...
(*) Poema integrante do livro "Ausência Moça"