AFETO*
Eu te amo em condições normais
de pressão e temperatura;
leste, oeste, norte e sul;
reta e curvatura,
congelo e fervura,
branco e azul.
Eu te amo primavera, verão, outono e inverno.
Facínora e humano,
externo e interno,
céu e inferno
– eu te amo.
Eu te amo copas, espadas, ouros e paus.
Imaculado e contraventor,
invento e inventor,
polar, tropical e equatorial,
assim te dou meu amor.
Eu te amo crescente e minguante,
torrente e terremoto,
incrédulo e devoto,
eu te amo antes,
depois e durante.
Eu te amo duzentas milhas.
Dezena, centena, milhar;
terra, fogo e ar;
astronômica e molecular,
eu te amo noite e dia.
Eu te amo na chegada
e na saída,
na colheita e na comida,
na ladeira e na subida.
Na surpresa e na certeza,
feiúra e beleza,
eu te amo toda vida.
Eu te amo três por quatro.
Cabelos, coração e barriga;
beijos, sedução,
união e briga;
sala, cozinha e quarto.
Intrusa e inimiga,
eu te amo no aviso e flagra,
gorda e magra,
festiva e lunática.
Eu te amo pungente e infinito,
numérica e gramática.
No silêncio e no grito,
na lama e granito,
praia e pântano,
amo tediosa e fanática.
Eu te amo letárgica e malsã,
resíduo, integral e qualquer;
em pelo e pagã,
ontem, hoje e amanhã ...
Eu te amo impura, nua;
sol e lua,
açúcar e sal,
de-bem e de-mal.
Eu te amo demoníaca e angelical.
Bem-me-quer, mal-me-quer;
ócio, consórcio, divórcio;
garfo, faca, colher;
Cimento e cal,
Espinho e flor, pendão e pendor,
as demais coisas e tal...
Eu te amo mulher.
(*) Poema integrante do livro "Afeto da Verruma"
Eu te amo em condições normais
de pressão e temperatura;
leste, oeste, norte e sul;
reta e curvatura,
congelo e fervura,
branco e azul.
Eu te amo primavera, verão, outono e inverno.
Facínora e humano,
externo e interno,
céu e inferno
– eu te amo.
Eu te amo copas, espadas, ouros e paus.
Imaculado e contraventor,
invento e inventor,
polar, tropical e equatorial,
assim te dou meu amor.
Eu te amo crescente e minguante,
torrente e terremoto,
incrédulo e devoto,
eu te amo antes,
depois e durante.
Eu te amo duzentas milhas.
Dezena, centena, milhar;
terra, fogo e ar;
astronômica e molecular,
eu te amo noite e dia.
Eu te amo na chegada
e na saída,
na colheita e na comida,
na ladeira e na subida.
Na surpresa e na certeza,
feiúra e beleza,
eu te amo toda vida.
Eu te amo três por quatro.
Cabelos, coração e barriga;
beijos, sedução,
união e briga;
sala, cozinha e quarto.
Intrusa e inimiga,
eu te amo no aviso e flagra,
gorda e magra,
festiva e lunática.
Eu te amo pungente e infinito,
numérica e gramática.
No silêncio e no grito,
na lama e granito,
praia e pântano,
amo tediosa e fanática.
Eu te amo letárgica e malsã,
resíduo, integral e qualquer;
em pelo e pagã,
ontem, hoje e amanhã ...
Eu te amo impura, nua;
sol e lua,
açúcar e sal,
de-bem e de-mal.
Eu te amo demoníaca e angelical.
Bem-me-quer, mal-me-quer;
ócio, consórcio, divórcio;
garfo, faca, colher;
Cimento e cal,
Espinho e flor, pendão e pendor,
as demais coisas e tal...
Eu te amo mulher.
(*) Poema integrante do livro "Afeto da Verruma"