INSÔNIA*



Permaneço em mim absorto,
envolto no meu disfarce
sob o sussurro da brisa na rua:
– Inverno que dói a divulgar-se
Em beijos de rosas e portas,
mantém fria
a insônia (demora
pontuada de luas
soturnas,
as noites mortas.)


Mantém o segredo revolto.
Repercute no veio das avenidas
tal vigília do meu corpo
– só as ilusões dormidas.


Aflige não ter agente,
uma quimera somente...
Porque o amor, este pouco,
não é um dever;
não tem direitos adquiridos
vindo assim aos meus ouvidos
à noite denunciar no teu sopro
a Mulher Indolente.


– Insano ciúme
indefeso no ar,
levado no rolar
da brisa realçando abandono,
destila sentimentos disformes:
o teu frio afugenta-me o sono,
ele próprio me castiga;
entoa, olha só, suave cantiga
– a mesma lira com que dormes
.



*Poema integrante do livro "Acalanto de Labareda"
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 30/10/2011
Reeditado em 05/10/2012
Código do texto: T3306854
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