CARENTE *



O amor amofina
beijos e carícias
enquanto artifícios indisponíveis.
Meu amor é assim: carente
e perpassa matizes e desníveis.
E, a cada mágoa cristalina
– que me acaricia e me beija –,
infiltra-me solenemente
com unhas e dentes.
Até me estimula
o desterro – verruma – ,
cântico de saudade
dos sonhos impossíveis:


– Que eu jorrasse água dum chafariz,
a refinar tua sede,
enquanto enfeite
no teu fato.
– Que me empoeirasse feliz,
decorando-te o quarto
– cândido retrato,
solitário na parede.



* Poema integrante do livro "Acalanto de Labareda"

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 30/10/2011
Reeditado em 22/03/2013
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