AMOR NO MAUSOLÉU
Debaixo da lápide fria
Um grande amor surgia
Com enorme explosão,
No meio de escombros fúnebres
Protegidos por tapumes
Pulsava um putrificado coração.
No tumulo 13, aqui jaz
O cadáver de um capataz
Que outrora se apaixonou por alguém,
Que jaz no tumulo Ao lado
Num corredor ao lado
Soam gemidos vindos do além.
À sombra de um cipreste
Um casal esquelético se despe
A trás de um caramanchão,
Dois copos putrificados
Abraçados ali deitados
Se amando em pleno chão.
Dos obeliscos vizinhos
Vinham gemidos efusivos
Do fundo das catacumbas,
Eram os cadáveres aplaudindo
Este amor que estava surgindo
No corredor de duas tumbas.
Nesta noite no cemitério
Teve festa sem critério
Por este ato de paixão,
Este amor sem preconceito
Tendo um tumulo como leito
Cadavérico de assombração.
J. Coelho