AMOR NO MAUSOLÉU

Debaixo da lápide fria

Um grande amor surgia

Com enorme explosão,

No meio de escombros fúnebres

Protegidos por tapumes

Pulsava um putrificado coração.

No tumulo 13, aqui jaz

O cadáver de um capataz

Que outrora se apaixonou por alguém,

Que jaz no tumulo Ao lado

Num corredor ao lado

Soam gemidos vindos do além.

À sombra de um cipreste

Um casal esquelético se despe

A trás de um caramanchão,

Dois copos putrificados

Abraçados ali deitados

Se amando em pleno chão.

Dos obeliscos vizinhos

Vinham gemidos efusivos

Do fundo das catacumbas,

Eram os cadáveres aplaudindo

Este amor que estava surgindo

No corredor de duas tumbas.

Nesta noite no cemitério

Teve festa sem critério

Por este ato de paixão,

Este amor sem preconceito

Tendo um tumulo como leito

Cadavérico de assombração.

J. Coelho

José Coelho Fernandes
Enviado por José Coelho Fernandes em 30/10/2011
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