A saber o amor
A saber o amor,
dia a dia,
na rotina das manhãs solitárias.
Colocar as notas no tripé,
dedilhando,
tintando,
escutando o voo namorado
dos dedos borboletas.
Saltos mortais no diapasão
e apaixonados silêncios.
A prender o ritmo indicado,
reproduzi-lo,
maré de carícias cardíacas
no tempo certo.
Aos poucos,
avançar na precisão harmónica
da interpretação.
E no afã constante
amassar a música mor,
livre,
imensa,
oceânica,
animal
maior que as estrelas amazónicas,
maior que o pensamento,
maior que o sonho e maior que o surreal.