Amor

Mulher, teria sido teu filho, para beber-te

o leite dos seios como de um manancial,

para olhar-te e sentir-te a meu lado e ter-te

no riso de ouro e na voz de cristal.

Para sentir-te nas veias como Deus num rio

e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,

para que sem esforço teu ser pelo meu passasse

e saísse na estrofe - limpo de todo o mal -.

Como saberia amar-te, mulher, como saberia

amar-te, amar-te como nunca soube ninguém!

Morrer e todavia

amar-te mais.

E todavia

amar-te mais

e mais.

Pablo Neruda

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 27/10/2011
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