Amo-te Muito, Muito!

Amo-te muito, muito!

Reluz-me o paraíso

Num teu olhar fortuito,

Num teu fugaz sorriso!

Quando em silêncio finges

Que um beijo foi furtado

E o rosto desmaiado

De cor-de-rosa tinges,

Dir-se-á que a rosa deve

Assim ficar com pejo

Quando a furtar-lhe um beijo

O zéfiro se atreve!

E às vezes que te assalta

Não sei que idem, jovem,

Que o rosto se te esmalta

De lágrimas que chovem;

Que fogo é que em ti lavra

E as forças te aniquila,

Que choras, mas tranquila,

E nem uma palavra?...

Oh! se essa mudez tua

É como a que eu conservo

Lá quando à noite observo

O que no céu flutua;

Ou quando à luz que adoro

Às horas do infinito,

Nas rochas de granito

Os braços cruzo e choro;

Amamo-nos! Não cabe

Em nossa pobre língua

O que a alma sente, à mingua

De voz... que só Deus sabe!

João de Deus

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 24/10/2011
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