CINQUENTÃO
Pobre menino cinquentão
Cheio de vida e desejos,
Mesmo vivo; “aqui jaz”
Faz de tudo, e nada faz
Mergulhado em seus ensejos.
Com tudo ao seu alcance
Contempla o nada a seu redor,
Apático e desolado
Sofrido e mergulhado
Sofre nas malhas do amor.
Na vida Deus lhe deu muito
Porem lhe tirou no amor,
Meio a grande emoção
Sofre seu coração
Mergulhado em sua dor.
Ele sonhava em ser Rei
Para assim, te fazer rainha,
Mas todo aquele império
Na incógnita virou mistério
E o sonho virou farinha.
No labor do dia-a-dia
Preocupado em te elevar,
Pensando no teu futuro
Vence o dragão do escuro
Tentando amealhar.
Porem nada do amealhado
Me conforta ou me fascina
Só o amor e a compreensão
Suprem meu coração
Com a luz que rege e ilumina.
Lá do alto do campanário
Soa tremulo o carrilhão,
E os anjos em legiões
Entoam lindas canções
Confortando meu coração.
No meio da multidão
Solitário, “estou cansado”,
Muitos me olham, ninguém me vê
Sinto abalada minha fé
Com tudo, “sou mutilado”.
No tumulto na aglomeração
Perâmbulo, não sou percebido,
Vagando entre anjos a exmo
Não me reconheço a mim mesmo
Na multidão estou perdido.
Dos quatro cantos se ouve
Um suave badalar,
É o curso do destino
Um cinquentão quase menino
Que chorando vive a sonhar.
J. Coelho