CINQUENTÃO

Pobre menino cinquentão

Cheio de vida e desejos,

Mesmo vivo; “aqui jaz”

Faz de tudo, e nada faz

Mergulhado em seus ensejos.

Com tudo ao seu alcance

Contempla o nada a seu redor,

Apático e desolado

Sofrido e mergulhado

Sofre nas malhas do amor.

Na vida Deus lhe deu muito

Porem lhe tirou no amor,

Meio a grande emoção

Sofre seu coração

Mergulhado em sua dor.

Ele sonhava em ser Rei

Para assim, te fazer rainha,

Mas todo aquele império

Na incógnita virou mistério

E o sonho virou farinha.

No labor do dia-a-dia

Preocupado em te elevar,

Pensando no teu futuro

Vence o dragão do escuro

Tentando amealhar.

Porem nada do amealhado

Me conforta ou me fascina

Só o amor e a compreensão

Suprem meu coração

Com a luz que rege e ilumina.

Lá do alto do campanário

Soa tremulo o carrilhão,

E os anjos em legiões

Entoam lindas canções

Confortando meu coração.

No meio da multidão

Solitário, “estou cansado”,

Muitos me olham, ninguém me vê

Sinto abalada minha fé

Com tudo, “sou mutilado”.

No tumulto na aglomeração

Perâmbulo, não sou percebido,

Vagando entre anjos a exmo

Não me reconheço a mim mesmo

Na multidão estou perdido.

Dos quatro cantos se ouve

Um suave badalar,

É o curso do destino

Um cinquentão quase menino

Que chorando vive a sonhar.

J. Coelho

José Coelho Fernandes
Enviado por José Coelho Fernandes em 24/10/2011
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