Amor universal
Eu transbordo desta taça o líquido
Que me escorre nesta rocha impura
Em meu corpo tão cruel é o castigo
Que me faz viver após morrer
Como reza nestas escrituras
Sou a carne, dilacerada e ardida.
Sou o desejo, o fogo e a compaixão.
O meu corpo todo é só ferida
Que massacram a minha alma santa
Entre escarros neste seco chão
Que não saíram da minha garganta
Caminho nestes passos amiúde
Esta cruel cruz eu não pedi jamais
Trago a imensidão e a virtude
Meu destino se aproxima mais
Mesmo que eu não olhe para trás
Em meu sangue corre a tua hipocrisia
Que floreia em tua boca maldita
Vendes a mim como mercadoria
Matando-me de novo em tua alma fria
As estrelas em minhas noites agora
Já não brilham como as de outrora
Todo o sangue deste estéril chão
São prenúncios desta nova aurora
Sem o amor que foi jogado fora