Vossos Olhos, Senhora, que Competem

Vossos olhos, Senhora, que competem

Com o Sol em beleza e claridade,

Enchem os meus de tal suavidade,

Que em lágrimas de vê-los se derretem.

Meus sentidos prostrados se submetem

Assim cegos a tanta majestade;

E da triste prisão, da escuridade,

Cheios de medo, por fugir remetem.

Porém se então me vedes por acerto,

Esse áspero desprezo com que olhais

Me torna a animar a alma enfraquecida.

Oh gentil cura! Oh estranho desconcerto!

Que dareis c' um favor que vós não dais,

Quando com um desprezo me dais vida?

Luís Vaz de Camões

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 22/10/2011
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