PÁSSARO DA MANHÃ
Por meses a fio,
esperei tua volta
na porta de casa.
Escutava um ruflar de asas
e saía correndo
para ver
se eras tu quem voltava.
De tanto esperar,
deixei de viver
e, todos os dias,
reaprendia a morrer
de tanta saudade,
por tua maldade,
pássaro da manhã.
E era assim
a cada manhã.
Um dia, o sol não brilhou
e, do norte, veio
a sombra de uma chuva.
A manhã parecia uma viúva
inconsolável, plangente,
derramando sua angústia
sobre a gente.
Mesmo assim,
fui até a porta da casa,
pois a esperança me chamava.
E eu te vi, pássaro da manhã,
em um vôo confuso e lento,
em luta desesperada
contra a força do vento.
Querias seguir além,
sonhavas com novas paragens,
e, girando sobre a minha casa,
gritavas por liberdade,
mas as correntes aéreas te prendiam,
tuas asas não resistiam
e logo irias cair.
E caíste.
E, para te salvar, corri.
E te socorri,
levei teu corpo
para o calor da casa,
passei ungüento
em tua ferida asa,
te aqueci em meu peito.
Recuperaste as forças
e não houve jeito:
quando o sol voltou,
teu voar se tornou perfeito
e, da janela da cozinha,
deste o salto
e foste subindo, subindo,
cada vez mais alto.
Por um momento, eu tive
tuas penas em minhas mãos,
mas, pássaro, a liberdade
está no teu coração
e não posso jamais
te cortar o vôo.
Mau não sou,
persistente sigo a esperar.
Talvez o que eu queira em ti
é essa capacidade de voar.
Por meses a fio,
esperei tua volta
na porta de casa.
Escutava um ruflar de asas
e saía correndo
para ver
se eras tu quem voltava.
De tanto esperar,
deixei de viver
e, todos os dias,
reaprendia a morrer
de tanta saudade,
por tua maldade,
pássaro da manhã.
E era assim
a cada manhã.
Um dia, o sol não brilhou
e, do norte, veio
a sombra de uma chuva.
A manhã parecia uma viúva
inconsolável, plangente,
derramando sua angústia
sobre a gente.
Mesmo assim,
fui até a porta da casa,
pois a esperança me chamava.
E eu te vi, pássaro da manhã,
em um vôo confuso e lento,
em luta desesperada
contra a força do vento.
Querias seguir além,
sonhavas com novas paragens,
e, girando sobre a minha casa,
gritavas por liberdade,
mas as correntes aéreas te prendiam,
tuas asas não resistiam
e logo irias cair.
E caíste.
E, para te salvar, corri.
E te socorri,
levei teu corpo
para o calor da casa,
passei ungüento
em tua ferida asa,
te aqueci em meu peito.
Recuperaste as forças
e não houve jeito:
quando o sol voltou,
teu voar se tornou perfeito
e, da janela da cozinha,
deste o salto
e foste subindo, subindo,
cada vez mais alto.
Por um momento, eu tive
tuas penas em minhas mãos,
mas, pássaro, a liberdade
está no teu coração
e não posso jamais
te cortar o vôo.
Mau não sou,
persistente sigo a esperar.
Talvez o que eu queira em ti
é essa capacidade de voar.