Gira

Gira a borboleta

um voo de purpurina

e traça no abstrato

um outro retrato.

Figura que só se sente,

pois como num "repente"

o verso descrito

não pode ser escrito.

Sabe-se, então, de

uma folha que o vento leva.

De um segredo que não se entrega

e duma paixão que tudo carrega.

Sabe-se ainda

de uma amante,

de um verso de Dante

e que a vida é só um instante.

E de mais se sabe

antes que o voo acabe,

pois se viu num segundo

o tamanho do Mundo.

Para Cristina, esposa amada.