Nunca te Amei Tanto

Nunca te amei tanto, ma soeur,

Como quando de ti parti naquele pôr-de-sol.

O bosque engoliu-me, o bosque azul, ma soeur,

Sobre que já pousavam as estrelas pálidas a oeste.

Não me ri nem um pouco, nada, ma soeur,

Eu que a brincar ia ao encontro dum destino escuro —

Enquanto os rostos já atrás de mim

Devagar empalideciam no anoitecer do bosque azul.

Tudo era belo naquele anoitecer único, ma soeur,

Nunca mais depois e nunca antes assim —

Verdade é: só me ficaram as grandes aves

Que ao anoitecer têm fome no céu escuro.

Bertold Brecht

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 20/10/2011
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