Heitor e o navio fantasma.
O louco é apenas o mínimo das coisas,
apenas um sussurro nervoso da natureza,
que atira verdades na forma de palavras sem correspondência.
E a dissonância é tão densa e desconcertante,
dita tão pungentemente numa frase escura,
que custo a saber que é dia ainda,
e que a noite já se foi embora.
O peso e a gravidade das coisas,
essas coisas sem nome e rumo certo,
desequilibram minha construção de papéis baratos,
feitos no espaço, fingindo sua forma em concreto.
Para você que me entende, e retorna,
como o viajante sem rumo de um navio fantasma,
fico eu na beira da praia,
com minha oração que salva, e nada pode
contra o encantamento de deuses esquecidos.
Que a errância seja eterna,
vendo o mundo sob as nuvens de um céu queimado,
de uma atmosfera que não reflete mais azul,
e que apenas reverbera conformado,
meu grito em tempos contados,
para que a tempestade vá embora.