PELE DE TUA PELE

Se és tu uma perdida

Hei de te encontrar...

No meu jardim de murta e flores fresquinhas

De pétalas macias...

Rolavam orvalhos

Que mais pareciam lágrimas coalhadas

Como assim o são os barris de carvalho

Que envelhecem no interior

Até saírem como bentos rebentos

Amadurecidos no interior do ser

Encontrei então uma flor recoberta de ouro

Estava triste quase sem vida aparente

Estava plantada mais não tinha raiz

O sol da ganância a amarelecia

Mas fazia reluzir seu brilho

Que imediatamente como um espelho

Devolvia o espetáculo

Como o estribilho da canção...

Até que semeou discórdia

E inveja entre as outras

Uma delas a menos exótica

Resolvera contratar uma erva daninha

Para roubar a rosa de ouro

E assim o fora feito!

Mas a erva daninha vendo que a rosa de ouro não tinha raiz

Não tinha valor algum para a sua natureza assassina

Só para a natureza dos homens sem raízes

E logo a jogou fora a rainha das flores

E fora perseguir a florzinha espinhosa que a contratara

E matou-a tirando-lhe a seiva maléfica ficando em seu lugar...

Se errei não vá embora

Mais se me perdoas

Porque razão foi-te

Levando tudo que há dentro de mim...

Alguém precisa lavar o peso do mundo

Como faziam as velhas lavadeiras

Que levavam nossas sujeiras

E nos devolviam limpinhas

Nossas roupas peles de nossas peles

Ah! como é bom

Uma roupa que expeles

Como placenta que faz

O pequeno ser que flutua

Ter vida dentro

De tua própria pele de carne puramente nua!

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 19/10/2011
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