PELE DE TUA PELE
Se és tu uma perdida
Hei de te encontrar...
No meu jardim de murta e flores fresquinhas
De pétalas macias...
Rolavam orvalhos
Que mais pareciam lágrimas coalhadas
Como assim o são os barris de carvalho
Que envelhecem no interior
Até saírem como bentos rebentos
Amadurecidos no interior do ser
Encontrei então uma flor recoberta de ouro
Estava triste quase sem vida aparente
Estava plantada mais não tinha raiz
O sol da ganância a amarelecia
Mas fazia reluzir seu brilho
Que imediatamente como um espelho
Devolvia o espetáculo
Como o estribilho da canção...
Até que semeou discórdia
E inveja entre as outras
Uma delas a menos exótica
Resolvera contratar uma erva daninha
Para roubar a rosa de ouro
E assim o fora feito!
Mas a erva daninha vendo que a rosa de ouro não tinha raiz
Não tinha valor algum para a sua natureza assassina
Só para a natureza dos homens sem raízes
E logo a jogou fora a rainha das flores
E fora perseguir a florzinha espinhosa que a contratara
E matou-a tirando-lhe a seiva maléfica ficando em seu lugar...
Se errei não vá embora
Mais se me perdoas
Porque razão foi-te
Levando tudo que há dentro de mim...
Alguém precisa lavar o peso do mundo
Como faziam as velhas lavadeiras
Que levavam nossas sujeiras
E nos devolviam limpinhas
Nossas roupas peles de nossas peles
Ah! como é bom
Uma roupa que expeles
Como placenta que faz
O pequeno ser que flutua
Ter vida dentro
De tua própria pele de carne puramente nua!