Nancy Sinatra
São minha botas de um couro falso,
caminhando pelo mundo sem sair do lugar,
pisando o chão de poeira de estrelas,
marcando a estrada com seus saltos de chumbo.
É minha forma que finge à luz,
a beleza que emerge do fundo escuro.
Retorna depois ao pranto noturno,
e se faz esquecer para a memória de todos.
É o nú confesso de um gênio oculto,
assim tão imerso em equações lamentáveis,
tão só em si e por si tão insolente,
que exibe a ninguém duas peças em forma de coração.
De minha cartola brotam fantasmas,
coelhos, flores e passarinhos.
Nascem meninas que atravessam a rua,
nascem meninos de um poema só.
De minha partitura nada mais nasce,
de minha música morre-se um pouco.
São minha botas de couro falso,
mentindo ao mundo a poeira do tempo.
A dança termina enquanto eu caminho,
uma distância que ainda desconheço.