Virtual…demasiado Real…?...
Dizes
Mas faço de conta que nada dizes
Que nada estou a ouvir
Sorris
Ou choras
Mas tal deixou de ser essencial
Tocas
E sinto tal com a indiferença que distingue o acessório da realidade
Choras e sorris
E sentes sem dúvida
No outro lado de tudo
Do outro lado do espelho
Do outro lado da vida
Bem no meio de tudo
De toda esta imensa virtualidade…
“Tão perto tão longe…”
Rezam as mais belas
E também as mais antigas cantigas de amor
Tão perto tão longe
Ou a cruel impossibilidade de quem ama
Mas não sabe amar
Tão perto e tão longe
Na crueza destes novos tempos
Onde apesar de sentir o mesmo
Sei que tal não é apenas uma mera ilusão lírica
Este cinismo lúcido
E desacreditado
É perto da nossa forma de estar…
E tu pedes
Bem pedes
De uma forma tocante
Tu pedes
Para eu ficar
Mas apesar de gostar desse sentir
Apesar de gostar desse apelo
Sei bem a dimensão das palavras
A sua autonomia
E por isso
Apesar de me pedires para ficar
Tenho que desligar o botão
E assim ao mundo das diversas dimensões me ligar
Tu bem me pedes para ficar
Mas sei que ao mesmo tempo
Tal desejo é feito
A tanta gente
E com a mesma facilidade com que me pedes
Com a mesma facilidade eu te digo
“Não”
Porque este mundo é belo
Sem dúvida belo
Mas não é o meu
Pois este mundo é um mundo
Onde para ele ficar vivo
Nos limitamos a trocar
A pilha do nosso coração…