Redenção (por Áurea)

Este é o meu corpo;

Olha para ele e veja

Que os traços são nítidos

E que as minhas reações

São sempre as mesmas;

Este é o meu corpo;

Olha para ele e veja

Que as emoções que dele transpiram

São sempre honestas,

São sempre vivas;

Este é o meu corpo,

Que não se importa com a chuva,

Que não se importa com o sol,

Que não é o primeiro a esmorecer

Diante da ameaça da tormenta;

Sim, este é o meu corpo;

Aquele que dá abrigo ao amigo fiel,

Aquele que não ama hoje

E odeia amanhã;

Aquele que quando diz:

Vem, adentremos à minha porta!

Já tem preparado dentro de si

O banquete da recepção...

Este é o meu corpo,

A minha casa,

Meus olhos estão abertos

E te convidam a entrar;

Vem, não temas!

Dá-me tua mão e vem!

Veja, este é o meu coração;

Olha, aqueles em festa, são do meu bem-querer!

Veja como são poucos!

É porque são apenas os que enfrentaram

o calor de meus olhos

E viram o que há por trás deles,

E conquistaram a minha alma arredia!

Veja como a porta está trancada!

É porque daqui jamais sairão!..

Agora vamos mais além...

Olha o meu ventre!

Olha o fogo que arde nêle!

É quente e confortador!

É lá que minha vida se sustenta!

É de lá que vem o que me prende a ti!

Vai, despoja-te das coisas que a terra criou;

Atira nêle a mágoa que te causei,

Pois que ela também é da terra!..

Abra os olhos da tua alma

Pra que eu te apresente o meu mundo:

Olha as suas cores, encantadoras;

Olha os campos verdejantes;

A água cristalina de seus riachos;

As flores que enfeitam seus caminhos!

Vê, a luz, de onde vem,

Não é do sol,

Pois que aqui não existe sol;

Só a luz, que não permite que haja noite,

Portanto nem dia, só paz...

Já é hora, temos que voltar,

Porque há necessidade de cumprir o nosso tempo;

Porém, lembra-te, sempre, que o tempo

não pode ser maior

Do que as coisas que te mostrei,

E que a tua alma pertence à elas;

A terra é apenas a terra...

Agora vá que aqui ficarei a esperar por ti,

Até que o nosso tempo se una

E não mais haja razão para chorar...

Geraldo Magella Martins
Enviado por Geraldo Magella Martins em 17/10/2011
Código do texto: T3281758
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