PAIXÃO TEMPO E AMOR
Faltam-te as horas no amor
Faltam-me os segundos na paixão
Cada hora perdida minh’alma chora
Cada tempo que passa
É brasa que vira cinza
É parcela infinda
É dívida de ânsia
É um martírio que não finda
Esta pílula do "ainda"
Que não desce
São garças esgarçadas
Sob um céu sonolento
Voando sem pressa
Como contas de um rosário
Ponteiros condenados
Condenados a viverem presos
No sentido horário...
E eu aqui a tua espera
Preso num convento
Como um monge fundido
No amor do universo
Esperando pelo samadhi que não chega
Imerso nas profundezas
Estelares do cosmo
Entre cirrus que me vem á cabeça...
A distância é um velho pastor
Que vai pacientemente conduzindo
Suas ovelhas sempre a frente delas
Ao amor vida longa
A paixão morte súbita...