Cor de chumbo
Mais um dia, mais uma hora, mais memórias de erros passados,
e tudo parece tão igual em meio aos escombros do que me transformei,
tão longe da cura, tão perto do abismo que me seduz,
abro os braços para sentir o vento que corta minhas asas,
deixarei minhas penas em um horinzonte cor de chumbo,
como um anjo caído que remói suas dores à cada nascer do sol,
eu te quis e te protegi o quanto sua independência permitiu,
eu te carreguei em meus braços enquanto sonhavas,
soprei seus pesadelos para deixá-la na tranquilidade da minha paz,
eu assoviei as músicas que ninaram seu sono nas noites sem estrelas,
eu tentei segurar-te mesmo quando transformar-tes em água corrente,
eu te amei por cada dia e cada segundo que minha respiração pôde suportar...
.
Meus joelhos mantiveram-se firme na mais dura tempestade,
gritei o mais alto que pude mesmo sem ouvir minha voz,
a agonia e a angústia me consumiram como fogo em gravetos,
a ventania me rebateu cada palavra silenciosa com violência,
minha alma ardeu nas chamas do gelo profundo de um oceano sem luz,
terminei minha jornada com os pulsos sangrando uma vida sem valor,
perdido em uma escuridão sem retorno ou lâmpada de emergência,
eu te amei mais do que qualquer alguém que tenhas encontrado,
eu te amei mais do que qualquer alguém que vás encontrar,
eu tentei fazê-la crer em novas possibilidades mas tudo terminou,
eu colei os cacos de mim mesmo só para vê-la me reduzir ao pó,
eu te amei mesmo sabendo que não há redenção para ressentimentos imperdoáveis...