QUE O SONHO ME ACORDE
Que me desperte desse triste realismo a redentora ilusão
Fazendo da exclusão um mito inferior à farsa que me inclui
Que eu seja tudo que nem fui em pleno ápice dessa encenação
Onde não vejo o que me alcança a visão, onde ganhei o que não me possui!
Que os rastros desse aroma se tornem o endereço de tua pele
Sorvendo a mesma essência que me adere, filtrando meus delírios
Brindando nesse cálice de martírios com o vinho que me fere
Bebendo o gelo que ferve, colhendo a falta de teus lírios!
Até que felizmente seja cedo demais para ser tarde
Até que o frio que tanto arde, decida finalmente ser verão
Não para fazer-me um platônico cidadão de marte
Mas para dar-me alguma parte do mundo governado por teu coração!
A fim de que a história reescrita me seja mais fiel
Que o fel dessa verdade resolva ser doçura por um triz
Que a realidade queira ser atriz e o inferno vire céu
Que o sonho escreva num papel e a loucura leia para me fazer feliz!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor