O AMOR QUE VEIO DA CHUVA
A esperança suplantou a experiência
E o mais simples convenceu do amor singelo
As palavras perceberam que perderam
O sentido que havia pra falar,
o segredo idealizado em um desvelo
exacerbando a leveza de um olhar,
de um sorriso radiante de alegria
e uma noite irmã gêmea do luar.
O seu sorriso iluminava mais que a aurora
Como um palhaço no circo perdido no picadeiro
Que só sabe da ilusão e do sonhar
Pra não deixar mais que o amor morra no peito
Pra não deixar que as aves deixem de cantar.
Agora lá fora está chovendo
Parece até que o amor desvaneceu com o crepúsculo
A chuva não pára de cair, a dor não dá brecha
E o sentir diz sempre que o fim está em cada parada em cada esquina.
Mas por dentro da chuva espessa tem um assomo
Pela chuva em bagas grossas complicado de se ver
Eu sei - nós sabemos que todo amor que há no mundo
É grande demais para o aguaceiro esvaecer.
Não deve se tratar de ser amor perfeito
Nem deve ser o sonho que despertava o ideal:
É maior que isso, é o amor verdadeiro,
Falho, pegajoso, cheio de defeitos e por isso mesmo mais real.
Não é nada que veio soando nas trombetas do paraíso
Todavia é o suficiente pra curar a dor da solidão e todo mal.