Meus...
Fecho os meus olhos de mãe.
E não quero ser mais nada… apenas mãe.
E com o meu “pozinho” mágico… (todas as mães o tem)
Posso sentir os meus filhos por perto.
Misturam-se entre as crianças que foram… lindas!
E os adultos que hoje os são…
E sinto mãozinhas a segurarem-me os sonhos…
A dizerem-me que é hora de crescer… Imagina!
Não gosto de acreditar nisso…
Sento-me. Choro. Que pena…
Sou sempre tão chorona e exageradamente mãe no meu amor!
E percebo hoje que não soube acertar em muitas coisas…
Mas já nasci mãe, de certo que sim!
Com todos os defeitos de uma mãe que ama demais.
Ah… E este maldito tempo… Apressado!
Fotografias… Estive a olhar fotografias hoje.
Elas são mágicas e conseguem parar o tempo.
E reacendem memórias antigas e sonoplastas!
E escuto eu risadinhas de crianças nos corredores de mim…
Sinto a febre… E os chorinhos de colo de mãe.
Febre hoje minha… da constante saudade do tempo.
Sempre há algo que precisava ser dito ou feito.
Sempre há a dúvida do “se eu tivesse”… Ou não.
Há sempre um pedido de perdão para uma mãe fazer…
Todas pedimos perdão… mesmo por estarmos certas!
Amamos tanto que pedimos perdão constantemente.
Até por amá-los tanto!
Nunca acreditamos acertar e é óbvio que não somos mais crianças!
Mas somos “crianças”… no medo do escuro amanhã deles.
É o único momento em que tenho o desejo da eternidade…
Quando penso neles e na maldade do mundo sobre eles.
A maldade nasceu para mim… Não para eles.
Ela anda de mãos dadas comigo… E eu a espreito sempre.
Quero-a por perto e esquivar-me dela no nosso passo de “dança”.
Eu aprendi a “dançar” essa dança... Eu suporto... Não eles!
E nunca aprenderão… aos meus olhos de mãe.
Quisera, por vezes, ter um ópio…
Uma religião ou alguma coisa que me insandecesse.
Que tirasse-me a “visão” do compasso caótico do mundo…
E que eu pudesse acreditar que nada, nunca, os acontecerá de mal.
Que nenhum “lobo astuto” e encantador sequer pertubará os seus sonhos.
Que a minha filha nunca dispir-se-á do seu vestididnho azul cor de sonhos…
Que o meu filho nunca necessitará despir-se dos créditos de que o mundo é bom.
E que estas “verdades” estejam protegidas por mim…
Numa redoma de cristal … Feita com o amor de todas as mães.
Este é o único momento em que desejo-me eternizar…
Protegê-los… Protegê-los… Protegê-los.
Alguém proteja-me de mim mesma!
Dorme agora a minha menina dentro de mim e para sempre.
Dorme agora o meu menino… e a tua mãe está aqui…
A cantar músicas de sonhos bons num tempo estacionado das crianças minhas.
Minhas crianças… Tão minhas, tão minhas.
Nos nossos sorrisos há alguns salpicos de dores. Algumas…
Mas foi tão sem querer…
Mas posso cantar para vocês… Eternamente amores!
E podemos contar estrelas…!
Mesmo que não seja no mesmo tempo…
E que não seja no mesmo "céu".
Eu conto… eu canto.
Karla Mello
Outubro de 2011