CONVENIENTEMENTE AMOR
Dos vis direitos, a real perfídia.
Razão aflita ... Medíocre obstáculo!
Em conta gotas envenenastes a essência
Com a pederneira exumaste o afeto!
Como revide fite tua censura!
Tens tu nas mãos a escolha árdua:
Se amor intenso ou gratidão inerte!
Quão voa livre o teu coração;
Amor sublime e tão desmedido,
Perdes a força já não sóis domínio!
Se finca os pés neste chão vazio,
Vive a razão das correntes certas,
Gorjeta vã, companhia escrava;
Avisto o Hércules da conveniência!
Tina o relógio da predileção!
Hostil amigo é teu coração;
Choras criança o que não dominas.
Inconformado no falso conforto;
Doas a ti a imperdoável mágoa!
Levas no peito a veemente dor;
Em teu destino cantará o fetiche.
O insolúvel medo perseguido...
Carma fatídico à felicidade!
Desfrute a calma e doce mentira;
Colham se as tâmaras e carregue a culpa
De tua fraqueza e do medo épico;
Que tens do amor que te alimenta.
Ganhes razão e ampute os sentidos;
Seja mais um tolo algoritmo!
Pobre centauro... conveniente algema.
É um dinar o teu prêmio torpe
Vivaz salário de desejo insólito!
Castigo exato a tua parva inércia.
Já meio ébrio por palavras brandas;
Navegues louco neste rio turvo.
Luta romana; combatente insano!
O pesar da escolha; feri-lhe a garganta...
Feridas cálidas! Cicatrizes eternas.
Ao teu amor um nobre cordeiro.
A tua razão um astuto lobo.
Tão preferível ser burguês prudente;
Que deleitar-se junto à felonia.
Será feliz perfeição vazia?
Levas contigo o coração vassalo,
Tormento encalço ao momo juízo!