Sonhos de poetas

Sonhos de poetas

Meus desejos, quem não os sabem,
São grandes, que em mim não cabem,
Contidos todos por um rio.
Um rio só de amargura,
Formado por lágrima pura,
Rio caudaloso e frio...

É no caudal das suas águas
Que eu lavava as minhas mágoas,
Da impotência consagrada;
Com meu desejo numa margem
E n'outra, a visão frustrada.

Quando, na outra margem via,
O que desejava, queria,
Meu coração batia forte...
Mas aceitava, conformado,
Ser um recluso no meu lado,
Como refém da própria sorte.

Mas havia, quem não as viam,
E por isso nada queriam,
Assim não eram sonhadores...
Nós, em delírio, acordados,
Ainda mesmo que frustrados,
Sonhamos com nossos amores!