O BEIJO DAS PALAVRAS
Às vezes brinco com as palavras,
transformo-as em objeto lúdico,
danço sonhador por elas enlaçado
guardo-as num cantinho do coração
Embriago-me quando elas, sapecas,
me reduzem a seu bicho de estimação
prendem-me a um canto delirando
dormem abraçadas a mim, travesseiro
Há momentos em que mal as balbucio,
ficam-me indiferentes, frívolas,
escapam-me por entre os dedos
tornam-se estrelas distantes
Se desaparecem de meus olhos
esvoaçando nas tramas da saudade
ou trilhando lembranças melancólicas
um ar sombrio de nuvens negras desce
Careço das palavras e como, deveras,
são a base dos meus pensamentos
o ritmo latente de meu pobre coração
o beijo que a brisa pespega nas folhas