esquilo curioso
li agora uma das cartas de Freud
para Martha e uma dela para ele,
coisas de mil oitocentos e tal,
fiquei com a dela,
muito mais poética e suave,
menos rebuscada e pesada,
indireta e presumível como a dele –
digna de um cientista, estudioso
e calculista e, por isso mesmo,
talvez alguém sem pudor
prefiro mais o amor
de quem lhe disse “agora, querido,
quero beijar você com o meu coração...
ninguém nos ouvia e ninguém nos via,
e nem mesmo um esquilo curioso
e envergonhado nos perturbava...”
mas ela foi apenas a mulher do Freud,
que se froida tudo,
que se froidamos nós...