FACES E FASES
A mulher que me habita
É cordata em sua vida.
Nada a diferencia das demais
Nem a deixa para trás!
Leva a vida como a vida deixa levá-la
Algumas vezes com uma doce alegria
Outras como que empurrando com a barriga!
Respeitada cidadã que passa pela rua
Acenando aos vizinhos e conhecidos
Sem mais nada a lhes acrescentar!
A poeta que me revoluciona
Esta sim pode ser chamada “maldita”
Fala de tudo e de todos sem medo
Colocando o dedo na mais dorida ferida!
E escreve orações com a mesma facilidade
Em que fala de sexo, orgasmo e gozo.
Às vezes criança, santa, mulher apenas!
Mas que em sua escrita sempre encanta!
Se a ternura encanta,
O tesão inebria...
A sua verdade espanta
Sua malícia é sua delicia!
Adora causar espanto...
Ama surpreender o leitor!
É de suas faces a mais conhecida
Talvez por isso a mais querida!
A fêmea que mora em mim
É-me também desconhecida
Já que tem tantas faces e fases
Muitas delas já descritas!
Raramente é água calma
Lagoa ou remanso para um descansar!
Muitas vezes é leoa na caça
Afiando dentes e garras para se alimentar!
Insaciável loba em pele de cordeiro
Ou um pavão mostrando sua plumagem!
Provoco a fome e sede do parceiro
Para depois fazer dele o seu pasto!
Difícil contentar a minha fêmea
Geralmente todos fogem assustados
Acham que a mulher deve dar prazer
Sem nem ao menos ousar roubá-lo!
Mas sou mulher inteira
Um pacote completo
Se tentar levar a fêmea
Terá que levar também o “supérfluo”!
Santo André, 23.12.06 – 11h15min