Xeque-mate
Um cego amor...
Pode até não ser
O melhor para se ter,
Mais quem há de entender
A lógica do coração?
Ausência de razão, quase burrice.
Deseja o homem, inepto, o errante.
E assim caminha louco, no alucinante,
Ao encontro do sujeito apaixonante.
Não dá pra contemplar somente a idéia, o sonho.
Deseja-se o perecível, renega-se o amor Cortez.
Os corpos desejam formar uma só forma.
Disforme-forma-do-amor-insano.
Tudo arde em meio ao encanto
E a dor vira alegria
E a angustia: euforia
O medo: se faz desejo.
E o desejo da até medo.
E o homem se doa, se perde, se engana.
Sem grana, sem fama, sem manha, a mingua.
O beijo-do-beijo, a louca articulada língua.
Na língua de outra, fêmea criatura.
Sem roupa, à cama, prazer, loucura.
Despido o pijama, as malas já prontas.
Xeque-mate no jogo da vida, um Adeus.
O gozo, o fim, o desgosto, o gosto-gostoso do SIM.
Naquele encontro, perdido os amantes, um doce semblante.
É... Mais a vida é uma caixinha de surpresas.
E de doce féz-se amargo.
Do encanto, o desencanto.
A alegria virá dor
E tudo é só espanto.
E tudo é um louco amor a mingua.
Na minha boca a minha língua.
Na tua boca a sua língua.
E cada um em lados opostos.
O amor disposto a recomeçar.
Mas a vida nega,
E só prega peça.
E o amor renega a batalha, não quer mais lutar.
Já não é amor.
Já não tem coragem
O amor selvagem foi-se com a bagagem.
E o gosto Gostoso
Na língua
à mingua,
Trinca a palavra,
Rasga a garganta.
E inerte, silenciado,
perde-se o homem em suas próprias e vagas lembranças.
E mancas vão-se as duas figuras
Da ruptura dos amados momentos.
Os laços: desfeitos,
O chão não mais sustenta.
Pego os dois amantes no jogo da vida,
A vida a ambos grita: xeque mate.
E o jogo surpreende com outra rodada,
De novo começa o risco, uma nova partida.
E percebe-se que a vida ás vezes e só perecível paixão.
Um jogo de tramas e manhas predestinados ao fim.
E de repente: xeque-mate