Suicide Pavane

É como o casal a contemplar o infinito

de um mar sem fim e de uma vida que acaba:

somente vento, areia, preto e branco

e mais nenhum encanto.

E despencam indefinidamente

as notas empilhadas de uma canção sem nome.

Aquela que eu compus de ilusões barrocas

e emoldurei com um rosto sorridente.

Calou-se o vento, chega o inverno.

Apenas a luz de dois olhos que perguntam,

entendem o quão difícil é ser desnecessário.

Entenda-se o inominável.

A mecanização da verdade.

Depois de todas as tramas de uma criança

num dia de chuva, e de castelos de barro,

chegou a hora do sol reinar,

da feiura do mundo se calar,

para tudo se resumir

em duas metades esculpidas na praia

contemplando o horizonte sem cor.