amor de fronteira
minha senhora
é tanta a saudade
que a palavras
já calaram
perderam a hora
choveram em balde
tropeçaram nas lavras
e arvoraram
não tenho mais intento
de dizer coisas amenas
de falar de sexo
ou viver paixões diversas
acho que já nem tento
buscar outras melenas
tudo é meio sem nexo
sem a palavra que versas
estou parido de dor
como sebastião flexado
estou como o sol do inverno
sem que nada tente
não tenho nenhum amor
nenhum prego fixado
não tenho céu nem inferno
nenhuma traição em mente
estou a deriva no cais
olhando o horizonte de longe
como um reles mortal
alheio e sem porto
já não verso como os tais
nem elevo como um monge
estou sem açúcar nem sal
meio parado, meio morto...