Medo de amar o errado
Dia após dia clamaste por um alento ao seu coração,
encostada no batente da porta pediste o fim da solidão,
em suas orações rezaste por alguém que a compreendesse,
alguém com quem pudesse dividir dores, alegrias e sonhos,
alguém a quem contasse os segredos nunca antes revelados,
alguém que a fizesse sorrir sem esforço no passar das horas,
alguém que a encantasse com inteligência, escrita e ternura,
alguém que a fizesse esquecer as mágoas do passado recente...
.
Um anjo caído escutou sua prece tomando-a em seus braços,
mas você o repudiou quando a verdade iluminou suas asas quebradas,
o ressentimento expulsou aquele que na sua vida mais a amou,
para você prosseguir de leito em leito em busca do que perdeste,
tentando aplacar seu vazio interno em flertes superficiais de momento,
passaste a dramatizar um personagem distinto do que trazia a alma,
fechou suas portas para deixar acessível somente uma futilidade vã,
perdeu-se em si mesma num caminho revolto pelo destino a cada memória...
.
Renegou o que sentiu de mais forte dentro de si,
digladiando-se em culpas e ódios vingativos,
mesmo que em seu interior o desejasse de volta,
cerrou seus lábios, impedindo-os de proferir palavras de amor,
trancou seu ser à dádiva do perdão, preferindo viver da dor,
desistiu de si mesma ao desistir dele que em lágrimas a viu fugir,
deixou o medo de amar o errado ser mais forte do que a felicidade que encontraste,
jogastes fora o Ás do barralho para congelar o pôquer de sua vida...