Ir

Por que tu

não pára, homem?

Por que não deixas

o Mundo

em sossego?

O que esperas

encontrar nesse

outro lugar?

O amor que

nunca teve?

A paz que

sempre te fugiu?

São quimeras,

homem.

A vida haverá

de se repetir

e teus horrores

voltarão.

De novo cobrar-te-ão

a felicidade

que não tens.

O vigor que

te deixou

e o dinheiro

que acabou.

Cobrar-te-ão,

homem,

o que já não és!

Talvez,

voz do Conselho,

talvez...

Entretanto, irei;

morde-me ainda

o gosto e a vontade

de ser feliz.

Ainda respiro

o incerto prazer

da andança.

E ainda sonho

com a felicidade

dos ingênuos.

Aqui, algumas camas,

oferecem-se-me;

mas já não quero

o vazio de antes,

de durante e de depois.

Eu só quero,

voz da Razão,

tentar novamente

e quem sabe,

virar gente?

Eu só quero,

voz do Sizo,

libertar meu riso

e pensar que

cheguei n'algum

Paraíso.

Irei, sim,

voz da Prudência,

pois só eu sei

de minha urgência.

Só eu sei

dessa mágoa

que me domina;

e só eu sei

da esperança

que chamo de

Cristina.

Para Cristina, amada esposa.