Sei que você não acredita em mim...

Meu Deus estou aqui neste quarto sujo, respirando sob um silêncio sufocante. Tarde ensolarada e esta sensação estranha que sinto no meu peito, então pego um copo de cerveja, deito em minha cama e fico num sonhar acordado, esperando que você entre por aquela porta.

Ai paro e penso: “ – Será que eu devo?”. Sim, talvez, talvez eu possa dividir isso, pois há muito tempo eu tento te dizer, porém você poderá até não acreditar mim.

Estranhas coisas têm me acontecido, eu sei e você também sabe disso, mas nunca, mesmo que eu quisesse, não deixaria que isso acabasse com tudo. Pois ainda em meu sonhar acordado, sonho com algum lugar em que o ar tenha o seu perfume, entorpecendo os meus sentidos e quando recobro minha consciência estou ali... parado a espera que você adentre aquela porta. Porém, você não irá aparecer, penso se lhe causei algum mal, mas o que quer que seja isso que eu esteja sentindo me faz voltar a pensar:

“– Será que devo?”. Sim, talvez, talvez eu possa dividir isso, poderás até não acreditar em mim, contudo de uma maneira ou de outra eu direi, eu vou dizer, eu tenho que dizer, mas dizer o quê? Eu me enganei, na verdade eu não sei o que dizer, mas você, você sabe o que eu tenho pra falar, não sabe?

Estranhas coisas têm me acontecido, eu sei, mas nunca estive tão certo do que eu tenho pra te dizer, mas neste meu sonhar acordado, dou um último gole na cerveja, que me afoga nos meus sentimentos de indecisão. Meu Deus estou aqui e onde você está?

Neste exato momento em que venço o sentido entre o real e o ilusório caio, novamente, no ostracismo do meu quarto sujo e de nunca ter lhe dito sobre essas coisas estranhas que têm acontecido e questiono-me: “Como eu pude permitir isso?”.

Oh! Como eu queria que você estivesse olhando nos meus olhos, enquanto pronuncio tais palavras no meu último suspiro, entretanto, você não está aqui e não adentrará aquela porta e, muito menos, irá me livrar desse sonhar acordado. Todavia, sem medo de errar, dou uma última arfada e digo, com todo esse ar que infla os meus pulmões:

“Amo-te”

Assim, como essa frase tão profunda e fora de tempo, meu coração para e minhas mãos tornam-se gélidas e assim chega ao fim à vida de um pobre homem e sua amada desconfiada dos seus sentimentos.

Dr Vilela
Enviado por Dr Vilela em 29/09/2011
Reeditado em 29/09/2011
Código do texto: T3248828
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