SEM PUDOR
Eu a vi passar e a olhei como lobo,
E seus olhos se puseram cabisbaixos,
Vi seu rosto enrubescido em pudor,
E assim se foi e a perdi na distância,
Rogando encontrá-la outra vez.
E a vi outra vez, outra vez a mirei,
Com o coração palpitando nos olhos,
O instinto delatando minha cobiça,
E percebi o discreto olhar de soslaio,
Disfarçado num sorriso cúmplice.
E assim ela passou por mim e seguiu,
E virei, e a olhei e ela olhava também,
E entendi e me fartei de esperança,
Que por mim passaria outra vez,
E desta vez me olharia sem pudor.
Sem pudor me olhou na outra vez,
Discreta, me deu a mão suavemente,
Deixando na minha, um rabisco em batom,
Números que demarcaram nossos dias,
Nos tantos dias que nos encontramos,
Agora sem rubor, sem nenhum pudor.
Já não precisamos da rua, só das paredes,
Que nos protegem da rua e dos olhos alheios,
Que não assistem minha cobiça saciada,
Nem escutam todos os seus gemidos,
Desprovidos de cuidados, rubor ou pudor,
Entregues aos caprichos dos nossos instintos.
Eu a vi passar e a olhei como lobo,
E seus olhos se puseram cabisbaixos,
Vi seu rosto enrubescido em pudor,
E assim se foi e a perdi na distância,
Rogando encontrá-la outra vez.
E a vi outra vez, outra vez a mirei,
Com o coração palpitando nos olhos,
O instinto delatando minha cobiça,
E percebi o discreto olhar de soslaio,
Disfarçado num sorriso cúmplice.
E assim ela passou por mim e seguiu,
E virei, e a olhei e ela olhava também,
E entendi e me fartei de esperança,
Que por mim passaria outra vez,
E desta vez me olharia sem pudor.
Sem pudor me olhou na outra vez,
Discreta, me deu a mão suavemente,
Deixando na minha, um rabisco em batom,
Números que demarcaram nossos dias,
Nos tantos dias que nos encontramos,
Agora sem rubor, sem nenhum pudor.
Já não precisamos da rua, só das paredes,
Que nos protegem da rua e dos olhos alheios,
Que não assistem minha cobiça saciada,
Nem escutam todos os seus gemidos,
Desprovidos de cuidados, rubor ou pudor,
Entregues aos caprichos dos nossos instintos.