HUMANO VERSUS POETA
Antes de ser poeta eu sou humano
Tenho fraquezas
Não uso armadura
Choro ouso lamento
Tenho tormentos claustros
Horrores dissabores
Pinto-me de várias cotidianas cores
Sobrevivo no meio das murchas flores
Hiberno dentro de meu eu de pele
Que expele suas dores...
Como qualquer ser humano
Independentemente do claustro
E do acinzentado dia nublado
Que temos correndo nas veias azuladas
Mais quando sou poeta
Tenho asas vôo célere
O mundo se colore
Enche-se de fantasia
Viro um super herói sem vilão
Componho-me de versos
Poemas em terceira dimensão
Tomo a pílula dourada do amor
Nascem brotos de sol
Frutos prateados de lua
Semente azuis de estrelas cintilam
Galáxias de imensidões coloridas se descortinam
Aqui dentro de mim
Renasço com pele de cetim
Angélicas hostes em risos infantis
Suavemente com asas de purpurinas
Rendas sutis dançam com fadas extremosas
Xales de rosas desabrocham nos confins do espaço
Passo embevecido como incensório
Pulverizando a matriz do berçário infinito
Depois quedo-me humano
De volta as algemas cárneas
Na sombra escura
Ardo em chispas
Hóspede de minhas descobertas
Sigo sonhando debaixo da coberta
Até ser hora de virar super herói
Esquecer a furtiva dor amoldá-la
Na oficina perfumada do amor
E me embriagar diligentemente
No cálice encantado de uma flor...