PANTOMIMAS
Nós dois até então anônimos e sumidos
Até então homônimos nas iniciais
Hormônios incontidos
Dentro de nossas catedrais
Ele é bom no que faz
Tu és o tempo eu sou espaço
Seguimos por pegadas ancestrais
Um passo a mais menos um desembaraço
Éramos sinônimos "hermanos"
Antônimos sem rimas
Adjacentes ciganos católicos romanos
Passeando num céu de pantomimas
Indiferentes um ao outro heterônimo
De trás pra frente derivados entre galáxias e multidões
Enfileirando a lista dos que se procuram por axiomas
Cobertos de corpos nos escuros porões
Vendo o tempo somar
Vendo o tempo a tudo esquecer
Tu acordar pra adormecer
E eu sumir no amanhecer pra sonhar
Apenas os humanos ponderam e apreciam o belo
Preocupam-se com o futuro
Mesmo que dentro deste castelo
Esteja tudo escuro um passo e tudo muda esconjuro!
Até quem um dia encontrando-nos sós
Como a noite está pro dia balançamos os pós
Dando as mãos em vínculos crepusculares pra tarde vazia
Sumimo-nos dentro de nós e de nossa poesia...