JÚLIA INDAGA AO VENTO

Onde, vento, o meu amado,

em que prado

em que jardim antigo

sob que céu, absorto

e a que lua o seu lamento.

Com que nuvens conversa

vento, o meu amado,

que respostas o acalentam

e que sonho repentino

o faz dormir.

Vento, me diz, com que visões

constrói o meu amado, o seu ninho

e com que voz ele canta, vento,

a evocar... a evocar... a evocar...

as presenças na noite

que lhe façam coro

diante das divindades

sempre atentas aos humanos chamados

sempre a aguardá-los, a tais chamados,

para que possam elas mesmas existir.

Se puderes, vento, leva a ele,

ao meu amado, a minha voz precária

e só, esteja ele, o meu amado, onde estiver.

Leva-me a ele, vento, não o deixes esquecer.

Na noite de 26 de setembro; publicação ainda na primeira hora de 27 de setembro de 2011.