MADRID

Amo tua língua com suas sonoridades

que me habitam

que não me podem habitar.

Amo as europas todas

que me vivem

por dentro de ti

sem que eu as viva

por dentro de mim

que as não posso viver.

Amo o coração das tuas ruas

que em mim pulsam

que não me circulam

que as não posso circular.

Amo as ramificações dos teus sentidos

de saber e de sabor

que não me sabem

o sabor da boca

o sabor dos mundos

de mim

tantos

todos

tão perdidos

mundos...

cidades sobre cidades

soterradas

sob mim.

Madrid

quisera te saber

quisera te sabor

desde o ventre deste Vazio

desta boca

oca de ti

quisera o gesto

o gosto do teu beijo

em mim

o gesto

o gosto do meu beijo

em ti

o gesto

o gosto do nosso beijo

em nós

quisera

ah, tanto eu te quisera

Madrid.

Ainda na noite de 25 de setembro de 2011; publicação na manhã de 26 de setembro de 2011.