QUANDO ADORMEÇO NO IMPOSSÍVEL
Falou-me em dado instante um eco sussurrante de loucura
Que nessa câmara escura, talvez pudesse eu sonhar com tua luz
E tocar a carne daquele anjo que me conduz no auge da ternura
Em meio ao sonho da amargura por tanto amar a quem não faço jus!
Disse ao meu surto de agonia que eu poderia desde então me enganar
E crer que ao despertar, a luz do sol com seu sorriso chegaria
Que beijaria tão desprezada boca que há muito sonha te beijar
Que no meu corpo se permitiria viajar e dele se alimentaria!
Gritou em alta voz nos estampidos inaudíveis do silêncio mais gritante
Trazendo o teu semblante no vento frio que agredia a janela
Delineou com sua insana aquarela as quentes cores desse anelo delirante
E fez desse minúsculo um gigante, em tão fulgurante e iludida tela!
Tão bom é despertar assim que te procuro adormecido
Pois lá tenho vencido a guerra que por cá somente me aniquila
Bem sei que é um universo de argila, castelo que jamais foi construído
Mas é assim que tenho possuído um certo amor que não me execra e nem destila!
*****************************************************
Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor