VENTOS

A dor que o vento deixou

Nunca deixou de doer

O vento do desamor ventou

Relampejou e fez chover

E choveu... Tal como lágrimas frias

Soluçando como gotas no telhado,

Ou como música de notas vazias

Acalentando o desespero dos desalmados.

Sou como um “velho menino”

Com medo da tempestade e por ela fascinado

Tão juvenil na experiência dos desatinos

Tão senil na falência dos acabados

E pensar que o amor me fez assim...

Amor que o vento frio do sul soprou

Trazendo do inverno, a dama dona do fim.

Pior, contudo, pra quem jamais sonhou.

E com longas calmarias sonhei,

Mas a vida cheia de facetas

Como pétalas da rosa dos ventos

Vindas de mil direções; e por todas passei.

O trágico, o cômico, o cruel, a mentira, a verdade...

No céu move-se a tempestade,

No chão; apenas folhas secas...