NUNCA NASCI ANTES DE TI
Agora vejo flores tapeteando as linhas do infinito por sobre a aurora
Pingos de amora precipitam-se das nuvens e matam a sede da relva
Mesmo em fria noite de granizo e que neva, algo aquecedor aflora
Tal como a flor que todo espinho ignora e o verde que no deserto se conserva!
Agora compreendo que nada houve nessa linha temporal que te precede
Que tudo quanto antecede o teu sorriso, sequer foi vida
Que o ponto de partida dos meus dias possui cronologia muito breve
Se dando assim que teu abraço me recebe e que teu peito me convida!
Eu fui a própria insignificância humanamente trajada e o farrapo andante
Porém no dado instante em que te vi, me vi afortunado
Ali fui concebido e destinado para ver-me amado e ser amante
E consoante teus vazios, para eles desenhado!
Agora, enfim, posso dizer que desprovido de teu ser, eu fui inexistência
Tudo que havia era mera aparência, fingindo em mim sobreviver
Eu era noite desejando amanhecer, um triste show sem opulência
E agora sou um advento em evidência, pois só depois de ti, eu consegui nascer!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor