O Silêncio do Amor

Houve um tempo em que meu pulso pedia sua fala.

Não numa prosa qualquer, mas como o do néctar da flor.

Como se eu então fosse as pétalas em silêncios.

De um jeito que você só balbuciasse adivinhos.

Estaria ali frente a mim de todos os ângulos.

Neste estar diante de qualquer maneira em beiras,

você estaria decantando minhas palavras mudas.

Porque delas você era, então, o centro que sonhei.

E o que você diria enfim? O que sonhei eu?

Você diria que todo nosso ato de amor

fora completo, completo de uma completude

que apenas o centro amarelo de uma flor

seria capaz de sugar entregando o pó.

O pó que esvoaça em nossas narinas.

O aroma então nos faria misturar

o círculo colorido e redondo às pétalas.

E nossos corpos seriam a natureza

repleta porque no fim nossos desejos

seriam mais raros e meu silêncio

que de segundo a segundo lhe dizia em

meus atos o quanto o amor era amor

se veria então compreendido.

O amor seria um ato único em sua palavra única.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 21/09/2011
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