Quero te dar o amor que reservei em segredo
Sei que não me queres mais
Nem ao menos ouvir minha voz tão sofrida
Que desistira de continuar nosso amor
Que já não sou parte da tua vida
Mas deixe-me ser tua migalha, tua palmilha
Deixe-me ser tua sombra, a sombra da tua sombra
Teu cachorro, teu gato...
Não tenhas um peito ingrato
Deixe-me, serei como um porta-retrato
Estático, frio, mas na cabeceira da tua cama
Deixe-me ser o tapete da sua soleira
Qualquer coisa que esteja perto ainda que não seja tocado
Qualquer coisa que apenas tu olhes, tire para que não tropeces
Qualquer coisa... qualquer coisa...
Já não sou eu sem você
E nem mesmo a sinfonia da alma me acalenta
Sem teus carinhos a vida perde sentido, esvazia
Sem teu abrigo, oh! Tamanha tormenta
Quero te dar o amor que reservei em segredo
Tocar-te com a ponta dos dedos
Esfregar minhas mãos em teus cabelos
E no mesmo ritmo poder te beijar
Fazer da noite uma ciranda em festa
Do nosso regalo uma doce poesia
Ser teu amigo, abrigo, seguro
Ser o teu muro, tua paz, tua calma
Ser teu divã, tua rede, tua sauna
Ser tudo, enfim...
Pois sem você não sou eu o que sou
Nem ao sequer me reconheço nessa paúra
Sem você sou menos que nada, sou deserto
Com você por perto... poesia, sou ternura