AMOR INFINITO AMOR
Arrasta-te leprosa,
ó, tez rachada às sardas taciturnas!
Açula-me, quiçá sonhar-te um dia a dizer:
-“Tua”?
Buço gasto pelo fumo.
Mancas capengada,
perdulária em muleta remendada,
teus derrames tísicos, desgraçados.
Eis que disposto em parresia,
dou-me ao teu par à hora de um dia!
Os sulcos consomem,
face esquálida...
Paixões reveladas
à dentição rebentada
em cuspes prazenteiros
e hibridas secreções versejadas.
Ora, lançado neste sentimento tão profundo,
Ensaio-te à língua e também escarro meu sangue
e cigarros pelo mundo.
Armo ainda,
penetrar tuas alcovas mais íntimas,
dilaceradas, arrefecidas.
Mesmo já vazados os teus miseráveis olhos
e os bustos hoje pequenos, murchos.
Hora intumescidos,
putrificados pelo tempo,
noutros arrebois sepultos.
Mesmo já mefíticas
tuas calejadas e ossificadas
gracejas gorduras;
sebáceas glândulas diminutas...
Gozaremos em cama de lírios ressequidos,
entre a poeira dos terrenos cemiterianos
e urna compensada.
Só o silêncio sofrerá
à rijeza do nosso coito mariano!