Ofensa
E de muito perto, de onde pensou
que jamais viria,
veio a cruel palavra.
Ecoou nos ouvidos
e calou n’alma.
Verteu- se em dúvida,
incerteza.
Estampou a tênue fronteira
em que transita sempre
o humano ser.
Ergueu catedrais de espanto.
Esculpiu o brado.
Consumiu o canto.
Vil palavra que ecoa n’alma e cala os ouvidos
para os outros sentidos.
Ofensa – palavra ambígua que a todos quer servir.
Quer ser a injúria, o ultraje, o agravo.
Mas também reclama ser a mágoa, o ressentimento
de quem foi desacatado.
Vida – contraditória ilusão
que nos faz deitar em verso
o que é só pesar no coração.
08.10.02 TER 12:47.