A minha menina
Embora travestida de mulher madura, a minha princesa amada
Tem nuances de menina mimada: esperneia por quase tudo
(Outras vezes, eu acho que ela faz um drama imenso por nada)
Nuvens carregadas, mais rápidas que um piscar de olhos, tingem de vermelho seu rosto bonito
Se eu me distraio, ou mesmo se cometo um misterioso deslize qualquer.
Por essas e outras, uma tempestade de lágrimas desaba dos olhos de minha namorada.
Então passo horas tentando acalmá-la, a refazer juras de amor, sobretudo:
“-Como te odeio!” Ela me lança em face, à beira de um ataque de nervos, a misturar choro e risada
Milhares de juras são poucas (Ela continua a bater em meu peito, transtornada, aos gritos...)
Cansado de argumentar, rendo-me a óbvia evidência; e digo a essa menina rebelde, salpicada de deusa e mulher:
“-Tu és tudo o que eu mais quero neste mundo, e em quaisquer outros mundos que no Universo houver.”
E ela, finalmente apaziguada, o Sol estampado no rosto, não fala (Antes me mostra, num abraço sem término, que eu sou o que ela mais quer.)
Há muitas facetas que amo em minha mulher. Mas, a que considero mais especial, aquela que se sobrepõe a todas as outras, é a contínua metamorfose que ela opera em si mesma; um magistral processo de transformação conduzido pela eterna criança que ela nunca deixou de ser. É essa criança, sempre onipresente nas ações de minha amada, que traz mais brilho às nossas vidas - é ela, essa criança mimada, que faz com que nossos dias e noites nunca sejam iguais; que carreia para o nosso amor a pureza que só se encontra nos anjos e nas crianças.
Terras dos Sonhos, manhã de Sexta-Feira, meados de Setembro de 2011
João Bosco