SIMBIÓTICO

Se busco a mim,

não me acho,

pois sou você

de cima a baixo.

Mas quem sou eu?

Você... eu acho,

numa mistura,

no mesmo tacho.

Não vejo a mim,

você me vê.

E se me racho,

me estilhaço,

me faço

em cacos,

é cada parte,

em descompasso,

eu e você.

Dez mil pedaços,

a refletir-nos

no mesmo espaço.

Em cada espelho,

sou eu... você?

Pois sendo eu

e/ou você,

não quero a mim,

só a você.

Então me faço

dual figura,

que este espaço

os dois mistura

num só abraço.

Letra e música,

na partitura,

que se harmonizam

numa figura

que não sou eu,

mas, sim, você,

igual a mim,

quando me vê.

E, ao querer,

só quero a mim,

que estou contido

todo em você.

Aí me encontro,

e não aqui;

daí me vejo,

igual você.

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 14/09/2011
Reeditado em 30/10/2017
Código do texto: T3219933
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