SIMBIÓTICO
Se busco a mim,
não me acho,
pois sou você
de cima a baixo.
Mas quem sou eu?
Você... eu acho,
numa mistura,
no mesmo tacho.
Não vejo a mim,
você me vê.
E se me racho,
me estilhaço,
me faço
em cacos,
é cada parte,
em descompasso,
eu e você.
Dez mil pedaços,
a refletir-nos
no mesmo espaço.
Em cada espelho,
sou eu... você?
Pois sendo eu
e/ou você,
não quero a mim,
só a você.
Então me faço
dual figura,
que este espaço
os dois mistura
num só abraço.
Letra e música,
na partitura,
que se harmonizam
numa figura
que não sou eu,
mas, sim, você,
igual a mim,
quando me vê.
E, ao querer,
só quero a mim,
que estou contido
todo em você.
Aí me encontro,
e não aqui;
daí me vejo,
igual você.