Sem ninguém por perto...
Sem ninguém por perto,
me visto de sozinho.
Em minha rua vazia,
até ontem a criança não brincava.
Em meu bairro só tem minha casa...
E eu sou apaixonado pela filha do vizinho.
Aqui sinos não tocam.
Estrelas não cintilam.
Tudo fica calado.
Nada sublime, sem poesia,
sem risos, nada pensado...
Escuto as falas do vento,
sem ver nenhum sorriso meu.
Sem nenhuma Julieta,
sou apenas rascunho do Romeu.
Este bairro vazio é minha forma de viver.
Faço da rua meu peito,
faço casa em meu coração.
A tal vizinha pra quem costumo escrever
é a Julieta inexistente,
que ainda assim me serve de inspiração.